Uma boa idéia. Há 51 anos, no dia 27 de junho de 1971, no estádio do Maracanã, o Fluminense vencia o Botafogo por 1 a 0 e conquistava o Campeonato Carioca. Com jogadores campeões mundiais em 1970 e líder durante boa parte do torneio, o rival era apontado como favorito à conquista. A algumas rodadas do fim da competição, seus atletas chegaram a posar com a faixa de campeão.
Tinha então 16 anos e fui com o meu saudoso pai, Waldemar Henrique Tamanini, assistir a partida. Deixamos minha saudosa mãe , Cely Passos Tamanini, no hospital Silvestre, no bairro do Cosme Velho, onde se encontrava internada minha tia Nélia Tamanini. Sentamos nas cadeiras do Maracanã bem em frente às cabines de rádio. Jogo tenso. O Botafogo tinha um time muito forte. Meu pai acompanhava o jogo com um radinho de pilha colado no ouvido.
O time tricolor se aproximou do adversário na classificação e buscou nos minutos finais do decisivo Clássico Vovô o triunfo de que precisava para ficar com o título. Aos 42’, Lula marcou o único gol do jogo, diante de 160 mil pessoas. Pela direita, Oliveira cruzou para a área, onde, no ar, Marco Antônio e o goleiro alvinegro disputaram a bola. Na sobra, o craque Lula, ponta-esquerda da melhor qualidade, falecido recentemente, de pé esquerdo, balançou a rede.
A primeira reação do meu saudoso pai foi arremessar longe o radinho de pilha. Gritos, abraços e muita comemoração. Dali, nos dois com a roupa toda esbranquiçada por causa do talco jogado pela torcida fomos direto do estádio para o hospital Silvestre pegar a minha mãe. No hospital ninguém entendia nada. Quem eram aquelas duas figuras. Minha saudosa mãe e minha tia ficaram perplexas. O que é isso? Meu pai respondeu: Fluminense campeão. As duas riram bastante.
Ao longo da semana pós título ainda sofremos com a comemoração. Eu e meu pai ficamos roucos, quase não conseguimos falar. Foi bom demais. Lembro até hoje, 51 anos depois, era bela conquista do Fluminense.
Ao longo da campanha, o Fluminense sofreu apenas uma derrota. Foram dez vitórias e nove empates. Com Zagallo no comando, a equipe que levou a melhor sobre o Botafogo na decisão do campeonato era formada pelos seguintes jogadores: Félix; Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antônio; Silveira, Didi (Flávio), Wilton (Cafuringa) e Cláudio; Ivair e Lula. O artilheiro Flavio Minuano não jogou. Estava machucado ou suspenso.
Botafogo: Ubirajara; Carlos Alberto Torres (Mura), Brito, Osmar e Paulo Henrique; Carlos Roberto e Nei Conceição; Zequinha (Paraguaio), Careca, Nilson Dias e Paulo César. Técnico: Paraguaio.
Público: 142.339 pagantes
Árbitro da partida: José Marçal Filho
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