Meu fraterno amigo Valter Angelo de Lima, um dos mais importantes jornalistas/radialistas de Brasília, nasceu em Anápolis, no estado de Goiás, em 26 de dezembro de 1950. Dezenove anos depois, chegava para residir na capital da República no dia 1 de janeiro de 1969, desembarcando em Taguatinga e abrigado nesse dia na casa do primo João Batista. O objetivo era ingressar na Força Aérea Brasileira (FAB). Mas, desde criança Valter tinha um sonho: trabalhar em rádio. Vejam que história fantástica do rubro-negro Valter Lima:
“No bairro São Jorge, em Anápolis, Goias, passava a extensão da Rua Firmo de Velasco, que não tinha asfalto, e era o acesso para o Cemitério São Miguel. Perto, estava minha casa, com o número 404.
Nesse endereço, habitavam eu, meus pais – Adão (pedreiro), e minha mãe Dalva, com pouco leitura, mas sábia por manter seus cinco filhos – Wilson (in memória), Vilma, Valdete e Valquiria, protegidos da pobreza, e muito mais, do preconceito, por termos “puxado” mais pela cor negra do patriarca.
Nesse ambiente de muitos risos, brincadeiras e harmonia, os irmãos tinham seus quartos próprios, o dos homens e o da mulheres. No meu, de colchão de capim, pude ter meus sonhos.
Na escolinha da Dona Raimunda (bairro Maracanã), onde iniciei minha alfabetização, no primeiro dia de aula levei uma bronca da “mestre”, pelo fato de iniciar a “tarefa”, sem esperar pela sua ordem.
Ainda em Anápolis, frequentei outras escolas: aprendi com os professores, dos Grupos Escolares, Jad Salomão, e Anthesine Sanntana. E por fim, no Colégio Estadual José Ludovico de Almeida.
O “batente”, começou cedo pra mim.
Com pouco mais de 10 anos, realizei inúmeras atividades, para ganhar “uns trocados”, e ajudar em casa. Por exemplo: limpar tripa de porco, pregador de tachinhas em penas presas nos cabos de espanador, entregador de botijão de gás, e por fim, balconista no Armazém Três Marias, no Mercado Municipal, no centro de Anápolis, onde estive sob as ordens do bom homem, Hercílio de Aquino.
É para chegar, onde cheguei, tive a oportunidade de ler aos domingos o jornal, O Popular, de Goiânia, além de ouvir programação noturna da Rádio Nacional, inclusive o Balança, Mas Não Cai, que me moldaram, para que eu pudesse me tornar nesse singelo operário do sistema radiofônico brasileiro.
Quando me mudei para Brasília, foi com o propósito de servir na Força Aérea Brasileira, onde ingressei.
Sou muito grato aos amigos Irineu Tamanini, Edgar Lisboa, Miguelzinho Martins, e Abel Aparecido Ribeiro, além de tantos outros, inspiradores e motivadores da minha permanência nas rádios Nacional e Justiça.
Minha vida hoje, é Brasília, que me adotou, inclusive me concedendo o Título de Cidadão Honorário.
Parabéns Brasília pelos 62 anos.
Obrigado!