Mais uma história bizarra no futebol pentacampeão do mundo. Você pode ser o melhor jogador da posição em uma Copa do Mundo atuando em uma partida , mas não na Bola de Prata. A história ocorreu em 1975 com o ponta-esquerda do Fluminense, na época chamada por todos de “Máquina, José Roberto Lopes Padilha, mais conhecido como Zé Roberto.
“Essa história da Bola de Prata, tenho tudo arquivado em um data-show. Na disputa do prêmio estava na frente de craques como Paulo César Caju, Joaozinho, do Cruzeiro, Mário Sérgio, do Fluminense, Lula, do Internacional e Ziza do Guarani. Comecei a liderar a pontuação depois do jogo contra o Vasco quando ganhamos de 4×1. Entrei no time e fui apontado como um dos melhores da partida. A partir daí, nunca mais sai do time tricolor. Quando perdermos aquela fatídica partida contra o Internacional no Maracanã, a revista Placar já ia anunciar o nome dos vencedores por posição porque restavam apenas os jogos finais da competição. No dia em que iam anunciar o meu nome não estava mais na relação. Nem mesmo entre os dez. Sumiu do mapa.
Comentei com o jornaleiro da esquina de casa: eu perdi para o Internacional mas ganhei a Bola de Prata. Ele respondeu: não. Seu nome sumiu. Eu tinha até recebido uma carta da revista Placar para não marcar nada no dia em que haveria a solenidade de entrega do prêmio. Eu tenho tudo no data-show. Sabe o que aconteceu ? Fui ler na parte de cima da revista e dizia: Zé Roberto por não ter completado 14 partidas – era o regulamento mas ninguém, em nenhum momento, falou comigo sobre isso. Tive algumas decepções na minha vida de jogador – tive mais alegrias – mas esta foi campeã. Ia ser o premiado como o melhor ponta-esquerda do Brasil e deixar de ser por uma questão dessa, é muito duro. Nas época ninguém tinha cabeça para contar o número de jogos. Tenho uma coleção incompleta da revista Placar – ganhei de presente de amigos – e resolvi agora contar o número de partidas que atuei. Sabe quantos jogos: 13 jogos.
Veja o que o então treinador Didi, já falecido, disse à revista Placar no dia 17 de dezembro de 1975 sobre o time do Fluminense após a derrota para o Colorado gaúcho no Rio: “Para mim, o melhor time, individualmente, foi o Fluminense, que ainda por cima mostrou um banco de reservas de alto nível. Embora o Mário Sérgio, seja excelente, assim como o Rivelino e o Paulo César, quem ajudou mesmo a equipe a se armar foi o Zé Roberto, um jogador sensacional para qualquer esquema. o Fluminense poderia ter ido para a final tranquilamente, mas entrou confiante demais diante do Internacional.
Gostaria de ter a coleção completa da revista para verificar se entrei no segundo tempo em alguma partida. “9 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. Até um WO me interessa”, brincou Zé Roberto apesar de nunca ter digerido a sua exclusão dos melhores daquela competição.