Se não me falha a memória o fato a seguir ocorreu em agosto de 1987 na sala de entrevistas do segundo andar do Palácio do Planalto. Quem estava na presidência da República era José Sarney.
Estávamos todos no Comitê de Imprensa, no térreo do Palácio do Planalto. De repente, alguém da assessoria de imprensa do governo informa que o ministro do Interior, Joaquim Francisco estava na sala de entrevistas aguardando para uma entrevista coletiva.
O seu nome não constava da agenda presidencial. Ninguém quis subir. Ouvi vários colegas dizendo que estavam com muitas matérias para escrever e não iriam subir. Eu, como de costume, não gostava de perder nenhuma conversa. Sempre surgia uma boa notícia.
Fui sozinho para o segundo andar. Cumprimentei o ministro e ele começou a fazer um relato das suas atividades no ministério. Foi um relato longo. No meio desse relato, virei para um cinegrafista ou fotógrafo e disse: estou achando que o ministro do Interior vai anunciar que está deixando o cargo.
Não deu outra. Ao final do relato, Joaquim Francisco disse com todas as letras: estou deixando o comando do Ministério e após essa conversa aqui na sala de entrevistas vou ao terceiro andar, onde fica o gabinete presidencial, comunicar o presidente Sarney da minha decisão.
Desci correndo para o comitê (não havia celular nessa época) para ligar para a rádio Nacional e dar a notícia em primeira mão.
Quando anunciei que o ministro tinha pedido demissão, foi uma corrida desenfreada dos demais colegas para o segundo andar.
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