Na década de 70 o Fluminense tinha um ataque mortífero: Wilton (Cafuringa), Flávio Minuano, Samarone (o Diabo Louro) e Lula. O tricolor das Laranjeiras foi campeão da Taça Guanabara de 1966 e 1969; campeão carioca de 1969 e 1971 e campeão brasileiro de 1970. Nessa escreve (era esse o termo que usávamos na época para qualificar as grande equipes) jogavam os meus maiores ídolos de infância/adolescência): o camisa 10 Samarone e o camisa 7 Wilton. Os dois jogavam demais. Infernizavam qualquer defesa. E olha que não estou citando o artilheiro Flavio Minuano e o craque da camisa 11, Lula.
Hoje, graças à mídia social, tornei-me amigo do irmão do Wilton, o Paulo Roberto Xavier. Ex-goleiro no futebol dos Estados Unidos, hoje trabalha em Garopaba, litoral sul de Santa Catarina, na empresa Gol de Placa – escola de futebol. Jovens aprendem com ele como usar a camisa 1 dos times de futebol. O pai do saudoso Wilton e Paulo, o camisa 9 Xavier foi um craque e artilheiro no Atlético Mineiro do passado.
Durante o seu tempo de Fluminense – de 1967 a 1975 – Wilton comentava com o irmão Paulo Xavier (eles moravam na rua Soares Cabral 26 – edifício Norma, nas Laranjeiras) que adorava jogar o Flamengo x Flu, principalmente quando o lateral-esquerdo era o Paulo Henrique. Dizia ele: “o Paulo Henrique era um lateral que marcava na bola, um duelo de craques, pois não dava porrada e era um exímio jogador”.
Quando morava na rua Soares Cabral, quase em frente à sede do Fluminense, Wilton conheceu uma jovem que residia em um prédio ao lado (Soares Cabral 54) de nome Violeta. Quem conta a história é o brilhante jornalista José Augusto Gayoso que durante a infância residiu na mesma rua mas no número 48. “Não precisava nem atravessar a rua para entrar na sede do Fluminense”, disse com orgulho o tricolor Gayoso. Pouco depois, os pais de Gayoso se mudaram para a rua Moura Brasil , paralela à Soares Cabral, quase esquina com Alvaro Chaves, onde fica a sede do clube. É a rua que termina em frente à entrada do salão nobre e o restaurante do clube.
Gayoso era amigo de infância da Violeta. Ela e o Wilton -disse – formavam um casal muito apaixonado. Eu acompanhava com frequência os treinos do seu marido no gramado de Alvaro Chaves. Quando mudei do Rio de Janeiro para Brasília acabei perdendo o contato. Depois do Fluminense jogou em outros clubes como São Paulo, Santa Cruz, Coritiba, Vitória, Nautico, Leônico e Galícia, onde pendurou as chuteiras. Antes, porém, chegou a jogar no Toronto Blizzard, no Canadá. Do casamento com Violeta, Wilton teve quatro filhos: Andrea Cristina (a mais velha), Paulo Macedo Xavier e Mariana. O quarto filho, Fernando, o mais velho, morreu prematuramente quando Wilton jogava em Recife.
Fernando nasceu no Rio de Janeiro quando o ataque mortífero do Fluminense destruia as defesas adversárias. Andrea também nasceu no Rio; Paulo Marcelo também nasceu no Rio mas Wilton jogava no Curitiba. Última, Mariana, é baiana de Salvador quando o pai iniciava a carreira de treinador. O tio Paulo Xavier lembro com carinho que na época de ouro do clube das Laranjeiras, Samarone e Lula tinham filhos pequenos, assim como Wilton, e iam com frequência com a família no apartamento do camisa 7 tricolor. Eles eram superamigos, disse Paulo que sente muito até hoje a perda do seu irmão e ídolo.
Um fato marcou a carreira do excelente ponta-direita Wilton no Fluminense. No dia 13 de outubro de 1968 eu estava com 13 anos e, como fazia todos os domingos à tarde , ia sempre ao saudoso estádio do Maracana assistir aos jogos do Fluminense. Normalmente, a torcida do Fluminense ficava localizada à esquerda das cabines de rádio mas quando o jogo era contra o Flamengo a torcida sentava à direita da mesmas cabines. Neste dia, Wilton, camisa 7 do Fluminense – marcou um gol de mão no Fla-Flu aos 13 minutos do primeiro tempo no velho Maracanã. Gol parecido foi feito anos depois por Maradona no jogo da Seleção da Argentina contra a Inglaterra.
Na época, o Fluminense era chamado pelos adversários de Rei do Tapetão. A partida era válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa e ele utilizou a mão para driblar o goleiro do rival Flamengo, Marco Aurélio, e marcar o gol da vitória. O árbitro da partida era Armando Marques e o bandeirinha que estava em cima do lance e não assinalou a irregularidade era Antonio Viug. O treinador do Fluminense era Evaristo de Macedo, ex-craque da Seleção Brasileira, Flamengo, Barcelona e Real Madri e que hoje reside em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro.
Depois de encerrar a brilhante Carrera, Wilton voltou a residir em Volta Redonda (RJ). Nascido em Belo Horizonte, Wilton, para tristeza da família, dos amigos e da torcida tricolor, morreu aos 62 anos, no dia 13 de dezembro de 2009 vítima de falência múltipla de órgãos. A mulher Violeta morreu antes do marido.
Andrea mora na Urca e é assistente social. Paulo Marcelo em São Pedro da Aldeia (região dos lagos no Rio) e é instrutor de surfe. Mariana reside com a família em Arraial do Sana, também conhecido como Sana, distrito localizado no município de Macaé (RJ).