O Dia Nacional do Choro é comemorado em 23 de abril, em homenagem à data de nascimento de Pixinguinha, uma das figuras exponenciais da música popular brasileira, e em especial do choro. O choro entra na cena musical brasileira em meados e finais do século 19, e nesse período se destacam Callado, Anacleto de Medeiros, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth. Inicialmente, o gênero mesclava elementos da música africana e europeia e era executado principalmente por funcionários públicos, instrumentistas das bandas militares e operários têxteis. O termo choro resultaria dos sons plangentes, graves (baixaria) das modulações que os violonistas exercitavam a partir das passagens de polcas que lhes transmitiam os cavaquinistas, que induziam a uma sensação de melancolia.
Quando cheguei para residir em Brasília, julho de 1975, meus pais – os saudosos Waldemar Henrique Tamanini e Cely Passos Tamanini – eram muito amigos do então vice-presidente da República, o gaúcho de Taquara, general Adalberto Pereira dos Santos. Torcedor “doente” doente do Internacional, o vice-presidente gostava de reunir os amigos aos sábados para o que chamava de “cachacinha”. Na verdade, era um churrasco com a finalidade de reunir os amigos e assessores.
Na residência oficial, conheci Waldir Azevedo, músico e compositor brasileiro, mestre do cavaquinho e autor dos choros “Brasileirinho”, “Delicado” e “Pedacinhos do Ceu”. Na saída do Palácio Jaburu ele sempre me pedia carona. Vamos conversando mas tenho que admitir não conhecia praticamente nada de choro. Valdir morreu em São Paulo no dia 20 de setembro de 1980.
O tempo passou e na minha época de repórter da rádio Nacional fiquei amigo do baiano Henrique Lima Santos Filho ( irmão do jornalista Carlos Henrique), o Reco do Bandolim, compositor, jornalista, radialista e produtor cultural brasileiro. Ele fundou em 1997 a Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello ( irmão dos jornalistas João Bosco Rabello e Ruy Fabiano Rabello), a primeira no gênero em todo o país, hoje com 630 alunos. O Reco é uma figuraça. Só dirige com um bandolim ao lado do volante. Quando é obrigado a parar o carro no sinal ou em algum engarrafamento ele fica tocando o seu instrumento preferido.
Em 1993 Reco foi eleito presidente do Clube do Choro de Brasília. Em 2006, o arquiteto Oscar Niemeyer convidou Reco do Bandolim para uma visita ao seu escritório, no Rio de Janeiro. Demonstrando entusiasmo com os projetos do clube, cuja programação vinha acompanhando pela tevê, ele revelou conhecimento da vida e obra de Villa Lobos, Radamés Gnattali, Pixinguinha, Ary Barroso, Garoto, e por aí a fora. Um ano depois, em novo encontro, Reco do Bandolim recebeu de presente das mãos de Niemeyer um projeto arquitetônico reunindo no mesmo espaço o clube, a escola de choro e um centro de referência e memória do choro. Construído pelo governo do Distrito Federal, o Espaço Cultural do Choro teve sua obra física concluída no segundo semestre de 2010.