Seu irmão Wilton, ponta-direita do meu Fluminense na década de 70, era, juntamente com o camisa 10 do clube, Samarone, os meu maior ídolo na época de criança e adolescente. Os dois jogavam muita bola. Craques de verdade e não enganadores como os jogadores atuais. Era uma enorme alegria ir ao Maracana às quartas-feiras e aos domingos ver Wilton e Samarone destruirem os adversários.
É verdade, eu ia duas vezes ao Maracanã toda a semana para ver o tricolor jogar. Muitos anos depois tive a felicidade de conhecer, pelo Facebook, o irmão do saudoso Wilton. Não acreditei que passara a ser amigo do irmão de um ídolo da juventude. Ainda não o conheço pessoalmente mas nos falamos com muita frequência pelo WhatsApp. Fiquei tão contente que fui até às Laranjeiras, sede do Fluminense, e adquiri uma camisa oficial do clube ( a tricolor ), coloquei o nome do Wilton às costas com o número 7 e enviei pelos Correios para Garopaba, em Santa Catarina, onde Paulo reside e trabalha como preparador de goleiros infantis. Na época em que atuava – Wilton vestiu a camisa tricolor – 193 vezes e foi várias vezes campeão – não havia a prática de colocar o nome do jogador na parte de traz das camisas dos clubes de futebol.
O ex-goleiro Paulo Roberto Xavier – nascido em Volta Redonda (RJ) tendo atuado profissionalmente vários anos em clubes dos Estados Unidos – atualmente preparador de goleiros na empresa Gol de Placa – Escola de Futebol – estácom 62 anos e, além do Wilton, seu pai, Eurydice Xavier foi centro-avante do Atlético Mineiro na época do ídolo e goleiro Cafunga, no Atlético Mineiro.
Vejam o que o Paulo Xavier pensa do atual futebol pentacampeão do mundo:
“O futebol brasileiro foi desmistificado faz décadas. Não tem sentido um jogador fazer as obrigações táticas que hoje os treinadores pedem, um lateral marcar e apoiar é duplamente cansativo. Um centro avante voltar na marcação até sua própria área não tem sentido, os biotipos padrões e exigidos nada tem haver com um jogador de futebol. Um dos maiores craques do futebol mundial, o saudoso Mané Garrincha, do Botafogo e da Seleção Brasileira, assim como o ponta Wilton, do Fluminense da década de 70 e outros tantos teriam dificuldade de aceitação pela estatura mediana.
Para que um centro avante se não temos pontas, para que jogar com três zagueiros e ter no apoio dois laterais, que aliás não marcam e nem apoiam com qualidade, pra que essa correria desgovernada e conceitos táticos que mais servem para jogadores de futebol americano que jogadores de futebol ?
Garrinchas e Pelés temos muitos e espalhados por esse Brasil e teremos sempre. O futebol brasileiro mudou pra pior taticamente e essa aberração foi implantada por pseudos treinadores de futebol lá no final dos anos 70 e se fez padrão nos dias de hoje. Temos a melhor matéria prima e vamos sempre ter, porém não temos mais o conceito genuíno de comportamento tático que jogávamos antes.
Os goleiros têm que ter dois metros de altura, assim como para todos os demais atletas, o técnico tem que ser professor e um currículo de intelectual, pode ser até um intelectual da ralé mas tem que ter uma patente. Além disso, o jogador de futebol da atualidade sem empresário não passa da várzea. Aqui no submundo a única coisa que tínhamos de invejável era a simplicidade do futebol e das pessoas que nele estavam”.