Vejam que maravilha de história recebi dos meus velhos amigos Emerson Sousa, o popular Careca, e Carlos Zarur, o Grisalho:
Grande Tamana, essa história ocorreu durante o Governo Figueiredo.
O empresario Matias Machline, presidente da Sharp no Brasil, estreitou relações com o a presidencia da Republica e logo-logo todos os aparelhos de tv da presidência foram trocados. Saíram os Philco de vinte e poucas polegadas para a chegada dos Sharp 32. Em todo o Palácio onde havia aparelho Sharp, tudo foi trocado. Da sala de imprensa ao gabinete presidencial. Ao sabermos disso, eu e o repórter Carlos Zarur, outro grande sacana, saímos Palácio a fora cada um levando os dois controles da sala de imprensa e tocando o terror. Do corredor do 2. andar passávamos escondidos de frente sala por sala e acionávamos os comandos dos controles deixando as secretárias doidas. Na sala do Secretário de Imprensa, Carlos Átila, vimos a secretária Francisca tranquilamente trabalhando. Acionamos o volume máximo da tv e ela deu um pulo da cadeira aos gritos. Foi a conta para Átila abrir a porta para dar um esporro pela zueira que a tv fazia. Um momento mostrava cena da novela das 7, rapidamente o volume ia a zero e voltava num estridente e irritante anuncio de supermercado. Éra eu e Zarur do lado de fora às gargalhadas com o diálogo do porta-voz com a secretária:
“Francisca, assim ninguém pode trabalhar aqui com essa tv dessa altura”.
“Secretário, não sou eu não, a tv tá doida. Aumenta e abaixa sozinha o volume, muda de canal e liga e desliga loucamente”.
Nessa hora eu e Zarur deixamos a tv dentro da normalidade e ouvimos Átila dizer: ” Olha ai, tá normal. Você deve esta acionando o controle de outro modo”.
Mal ele se virou para sair, disparamos o controle para o volume máximo. Ele deu um pulo de susto e ela um grito de nervosismo perante o chefe:
“Tá vendo, ministro não sou eu”, disse ela quase em lágrimas.
Ele mandou que ela ligasse para manutenção. Eu e Zarur vendo tudo escondidos na sala em frente. Veio o rapaz da manutenção. Deixamos ele fazer uma inspeção geral no sistema sem agir. Ouvimos quando ele disse que agora estava tudo bem e deixou a sala. Deixamos que ele chegasse no final do corredor e disparamos o volume máximo. Voltou correndo ainda a tempo de ver a tv mudando sozinha de canal, ligando e desligando feito doida e sentenciou: ” A coisa é séria. A essa hora não tem mais ninguém na manutenção. Volto amanhã cedo com uma equipe para dar um jeito”.
Dito isso deixou a sala e, logo atrás dele, eu e Zarur para devolver os controles da sala de imprensa pois já ia começar o Jornal Nacional e, certamente, dariam falta deles.