Eu e o Mário Eugenio, repórter policial brutalmente assassinado numa noite de domingo, dia 11 de novembro de 1984, no Setor de Rádio e Tv após gravar o seu programa líder de audiência na Rádio Planalto, entramos para trabalhar no Correio Braziliense praticamente juntos. Eu fui ser repórter de esporte e ele de polícia. Sentávamos lado a lado. Usávamos o mesmo ramal de telefone de número 18. Éramos tão amigos que fui seu padrinho de casamento com a Ana na igreja do Setor Militar Urbano.
Uma de suas maiores paixões era o carro, sempre zero quilômetro. Como sabia desse amor platônico, nas noites de sexta-feira ia até o setor de anúncios do jornal e pedia para colocar à venda o carro, as rodas de magnésio ou o tom-fitas do carro. Tudo com preço bem abaixo de mercado.
No dia seguinte, sábado, ele chegava por volta das 11 horas na redação. Tudo bem Tamana?, Tudo bem Mário. Alguma novidade? Não. Apenas o telefone não para de tocar. Muita gente ligando para você.
E não demorava muito e o telefone tocava. Eram compradores para o carro, as rodas de magnésio ou o toca-fitas. Mário enlouquecia. Não estou vendendo nada, respondia de forma cada vez mais irritada.
Era bom demais. Dava boas gargalhadas com o desespero do Mário.
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