Quando fui convidado a assumir o cargo de subsecretário de imprensa do Palácio do Planalto pelo jornalista Cláudio Humberto Rosa e Silva, em janeiro de 1990, liguei para o meu primeiro amigo de Brasília, o advogado Angelo Tabet. “Vamos trabalhar juntos aqui no Palácio do Planalto? Angelo aceitou de bate-pronto. No final de 1992, quando decidi sair do cargo, Angelo estava na minha sala no segundo andar do Palácio e foi logo dizendo: “cheguei com você e vou sair junto com você”.
No período em que fomos fomos assessores no Palácio do Planalto ocorreram muitas histórias de bastidor, principalmente nas viagens presidenciais. Era muito cansativo mas nos divertíamos demais. O grupo da Secretaria de Imprensa daquele período era excepcional.
Vamos parar de churumela. Conta logo Angelo:
– Durante uma reunião do Pacto Amazônico em Manaus, estava programado um almoço dos presidentes da região em um lindo barco que ficaria ancorado no meio do rio Negro, em frente ao belo Hotel Amazonas. O Presidente Collor saiu do atracadouro do hotel a bordo de uma lancha acompanhado apenas de seu ajudante de ordens, além do na época Major Agostinho Chibata, seu competente segurança pessoal. Foi um alívio sua ida para o barco, pois poderíamos ultimar os detalhes finais do evento com a imprensa credenciada, impedida de ir a bordo para cobrir o almoço.
Mas eis que não mais do que de repente, uma lancha rápida aproxima-se, vindo do barco em um horário em que, certamente, o almoço ainda não estaria encerrado. Para surpresa daqueles que estavam no atracadouro a esperar, surge o próprio presidente da República a bordo da lancha, com um assustado Major Chibata a falar nervosamente ao rádio. Tão rápido como desembarcou, o presidente passou quase correndo pelo grupo que, atônito, não podia imaginar a razão de seu retorno ao hotel tão cedo.
Foi uma correria louca. Após uns 30 minutos trancado em sua suíte, o presidente sai do hotel em direção ao aeroporto, em tempo de ver chegar ao hotel a comitiva brasileira que estava no almoço, e que viajaria com ele para Brasília. Todos sem entender direito o motivo daquela saída a jato do barco e do hotel.
Nunca soube direito a razão daquilo, e confesso que não me lembro de alguém ter dado alguma explicação. Especulações ocorreram, mas não cabe relembrar aqui. Talvez o Chibata…