Acredito que a história que vou contar é única.
Tinha 12 anos quando fiz o curso para entrar no ginásio. Meus pais queriam que eu estudasse no Colégio Militar do Rio de Janeiro. Fiz durante ano um curso preparatório chamado Curso Brasil, por coincidência localizado em frente ao Colégio Militar e dirigido pelo coronel Baltazar. No final do ano de 1967, um domingo, fomos, eu, meu pai, paraquedista do Regimento Santos Dumont, minha mãe e minha tia Nelia para o exame promovido pelos professores do Colégio Militar. Tocou a campainha, eles me desejaram soba sorte e entrei na sala. Um professor entregou uma folha com a prova e, novamente, tocou uma campainha. Era a permissão para iniciar a prova. Olhei aquela folha, não li nem as perguntas, assinei, levantei, entreguei para o professor que me olhava perplexo e fui embora encontrar meus familiares. Meu pai achou estranho e perguntou o que houve. Respondi que nao gostaria de estudar em Colégio Militar. Nao vai dar certo, pai. Nao vou aguentar o rígido esquema, vou responder ao meu modo e acabarei expulso do colégio. Ele ficou triste mas entendeu o que queria dizer.
Fomos para casa e na parte da tarde o coronel Baltazar ligou perguntando como tinha sido a prova. Meu pai contou o que tinha acontecido e ele nao acreditou: o seu filho estava superpreparado. Passaria com facilidade e nos primeiros lugares.
Meu pai fez um esforço financeiro e fiz então prova para o Colégio São Bento, na rua dom Gerardo, na praça Mauá, no Rio de Janeiro. Passei com facilidade, fiquei entre os primeiros colocados. Passei a estudar semi-internado . Entrava às 8 da manha, almoçava no colégio e saia somente às 17 horas, quando voltava para casa. O colégio não barato. Meu pai suava para pagar mensalmente. Para se ter uma ideia, um dos meus colegas era o Temporão, filho do dono das antigas Casas da Banha, no Rio. Ele chegava e saia da escola em um carrão com motorista.
Logo nos primeiro dias, passei a integrar o time de futebol do São Bento. Disputei o campeonato interno e ganhei até medalha de artilheiro. Depois, em outro post, conto como foi meu ano letivo.
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