No período de 2002 a 2004 trabalhei como assessor de imprensa do presidente do TST, o saudoso ministro Francisco Fausto. No dia 29 de julho de 2003, Lelio Bentes, então 38 anos, assumia o cargos de ministro do tribunal. Natural de Niterói (RJ), onde nasceu em 1965, Lelio e eu descobrimos imediatamente um ponto em comum, além de termos nascidos no Rio de Janeiro. Lelio era, assim como eu, torcedor fanático do Fluminense.
Hoje, perguntei a ele sobre a experiência com o estádio do Maracanã na adolescência.
Infelizmente, disse, fui pouco ao Maracanã. Saí de Niterói aos 14 anos e voltei apenas para visitar os familiares. Mas, há um episódio curioso, embora nao esteja ligado aos “geraldinos”:
– Meu amigo Tamanini, em 2 de julho de 2008, como você se lembra, o Fluminense disputou a final da Copa Libertadores da América contra a LDU do Equador. Fui surpreendido pela minha chefe de gabinete que me ofereceu dois ingressos para assistir a partida no Maracanã. Mais do que depressa comprei dois bilhetes aéreos e viajei para o Rio com meu filho do meio, o Vinicius, que é também tricolor de coração. O Fluminense, depois do desastre em Quito, na primeira partida, perdeu o jogo com a diferença de dois gols, precisava ganhar no Brasil com a mesma diferença para tentar o título na disputa de pênaltis. Iniciado o jogo o Fluminense leva um gol do adversário equatoriano. O estádio do Maracanã estava lotado, não tinha espaço para nada, a torcida fazendo uma festa maravilhosa, uma beleza. O Fluminense então, com uma atuação magistral, com o coração na ponta da chuteira, conseguiu virar para 3×1 e levou a disputa para os pênaltis. Quando ia começar a cobrança das penalidades, olhei para o relógio e vi que faltavam dois minutos para meia-noite. Falei para o Vinicius: em dois minutos será o dia 3 de julho, dia do meu aniversário. Disse: vai ser um aniversário inesquecível. E foi. Infelizmente não no sentido que eu esperava porque as cobranças de penalidades, por parte do Fluminense, foram terríveis. O goleiro da LDU fazia umas presepadas, antes da cobrança do pênalti ele ficava de costas, no meio do gol, dançando, se sacudindo e isto parece que perturbou os jogadores do meu time que não conseguiram se concentrar. Fim do sonho, a reduzida torcida da LDU comemorando e todos nos muito frustrados, muitos torcedores chorando, um clima horrível. Eu fui me dar conta que nao havia combinado com um motorista do taxi para voltar após a partida. E claro, imagina, quase uma hora da manhã no Maracanã conseguir um táxi era missão impossível. Tive, então, que me socorrer da Polícia Militar. Procurei o comandante do policiamento daquele dia e ele foi extremamente gentil. Destacou dois policiais para me acompanhar e ao meu filho até ä avenida com a missão de conseguir um táxi. Eles foram de uma gentileza incrível. Conseguiram parar um táxi e disseram para o motorista: leve, por favor, esse senhor e o seu filho até o hotel em Copacabana porque eles estão sem condução. No caminho, o motorista, um botafoguense muito gente boa, se solidarizou conosco mas advertiu: se não fosse o apoio do soldado, eu não iria parar aqui nunca. Isso aqui para motorista de táxi, pegar cliente na rua, nesse local, é um risco enorme. E foi essa lembrança, meu amigo Tamanini, que gravei do nosso querido “Maraca”, que completa 70 anos. Claro, há muitas outras lembranças de glória, de triunfo do nosso clube mas é de sucessos e insucessos que se faz a trajetória desse grande clube que nos toma sempre o coração. Viva o Maracanã. Longa vida para o nosso futebol carioca.
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