Era um final de tarde de uma sexta-feira no governo Figueiredo. E, como de costume, toda sexta-feira o presidente da República não ia ao Palácio do Planalto. Ficava recolhido na Granja do Torto. Eu, Laerte Rimoli, e os demais setoristas palacianos sabíamos que nesse dia podíamos ficar tranquilos. Não tinha notícia, exceto os decretos sem muita importância que eram colocados nos escaninhos da imprensa pela Secretaria de Imprensa do governo.
Para passar o tempo jogávamos porrinha (alguns preferem purrinha). Nesse dia, a adesão dos setoristas ao jogo foi total. Jogou até o Very Well. Por volta das 19h30 fomos todos embora para casa curtir o final de semana. Como eu residia na 102 Sul e o Laerte trabalhava na Folha de S.Paulo – o prédio ficava na 104 Sul – ele foi de carona comigo.
Meia hora depois, já em casa e o Laerte na redação, assim como os demais setoristas, entra no ar o Jornal Nacional. E logo com a seguinte manchete: Geisel e Figueiredo se encontram em Brasília e discutem sucessão presidencial.
Não preciso dizer mais nada.
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