O saudoso repórter de O Globo em Brasília, Antonio Arraes chegava sempre na redação, ar sonado, com livros sob o sovaco esquerdo e elepês no direito. Observei durante semanas esse ritual. Ele soltava um “…’dia’, meio para dentro, depositava os discos e os livros ao lado da máquina de escrever, reclamava de alguma coisa e começava a ler os jornais.
Um dia, ar sério, Sergio Garschagen:perguntou a ele se podia fazer uma pergunta. Ele olhou sério, notou que Sergio estava também sério, e rosnou: faça. ” Arraes, você chega sempre por volta das 11 horas, sai da redação às 21 ou 22 horas e te reencontro lá no Beirute, onde invariavelmente você dorme com a testa encostada no copo, sempre na mesma mesa. Que horas você ouve esses seus discos e lê esses livros?” A essa altura a redação inteira tinha parado na expectativa da resposta dele, que veio na forma de um berro:
“Vai tomar no seu…….”.
A redação inteira ria desbragadamente.
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