Mário Nelson Duarte, um dos melhores repórteres de rádio que já passaram pelo comitê de imprensa do Palácio do Planalto, chegava bem cedo ao trabalho e começava o dia entrando ao vivo nos jornais da rádio Joven Pan.
O comitê estava vazio, apenas eu e o Very Well (funcionário da Presidência da República lotado na sala dos jornalistas credenciados). Em cima das mesas dos repórteres havia muitos papéis da cobertura do dia anterior. Mário Nelson entra na sala com a sua inseparável bolsa tiracolo e nos cumprimenta: bom dia canalhada.
A minha cadeira ficava ao lado da do Mário. Ouço pela linha direta da Joven Pan e aviso a ele que o apresentador do programa já estava chamando para entrada ao vivo. Mário corre esbaforido até o microfone e, como não tinha preparado nada para a entrada, pede urgente uma cópia da agenda do presidente Sarney ao Very Well para o dia que estava começando. Este corre e pega a primeira cópia que encontrou.
Ao terminar o boletim ao vivo, onde discorreu sobre cada audiência presidencial do dia, Mário se vira para o Very Well e grita: Very, essa agenda que você me deu era de ontem.
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