No distante ano de 1932, Adauto Miranda da Câmara deu início a uma nova vida. Sua luta começara longe do Rio de Janeiro, mais exatamente no Rio Grande do Norte. Advogado, professor, intelectual, político militante, secretário de Estado, homem preocupado com educação, sua carreira de sucesso foi bruscamente interrompida pela Revolução de 1930, à qual se opôs, por fidelidade aos seus companheiros de partido e por convicção. A família Câmara teve muitas dificuldades, por conseqüência dos atos revolucionários, das perseguições políticas a que seu Chefe foi submetido. Mudou-se para o Rio de Janeiro, exilado, para viver a precariedade de sua situação. A família, na época, era constituída de três pessoas: Dona Wanda Zaremba da Câmara, seu filho Mário e o próprio Adauto.
Para sobreviver, morando em um porão habitável, passou a ganhar seu sustento ministrando aulas particulares. Como era excelente mestre, os alunos foram aparecendo, sua fama aumentando, o que lhe fez perceber a necessidade de encontrar um lugar mais adequado. A vocação de mestre, aliada à vontade de construir algo mais sólido para a família, levou-o a um velho prédio, na rua Dias da Cruz, encimado pelo título: curso de letras. Era uma construção de dois andares, própria para Colégio, ou melhor, para um Ginásio, que era como se chamavam as escolas de ensino médio naquela época. Buscando ajuda de pa- rentes, Adauto conseguiu os recursos necessários para iniciar sua aventura. Com cerca de 20 alunos, o professor Adauto, com sua larga experiência e vasta cultura, dava aulas de tudo. Instrumentos de laboratórios, carteiras, tudo enfim que constitui uma escola foi conseguido com muito esforço e ta reforma. A primeira rede de vôlei da escola foi confeccionada por Dona Wanda.
Nos meses seguintes, foi necessário contratar mais professores, ampliar o ambiente de trabalho e o ano letivo de 1932 terminava com Colégio Metropolitano e seu primeiro desafio superado: a escola não se inviabilizou, ao contrário, mostrou-se plenamente capacitada. A luta fora árdua, sem dúvida. No ano de 1934, o Colégio, com sua habilitação já aprovada pelo Ministério da Educação, iniciou com 61 alunos e terminou com 192, um crescimento de mais de 200 por cento! A associação com Alexandre Dijesu do Couto e Vitoldo Zaremba deu o impulso que faltava.
Pela legislação vigente na época, os colégios necessitavam de uma autorização definitiva para que a inspeção permanente, feita pelo Governo, desse legalidade definitiva ao Colégio. Finalmente, depois de muitos relatórios e muitas visitas de técnicos, o decreto número 774 de 27 de abril de 1936, assinado pelo Presidente Getúlio Vargas e pelo Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, o Colégio Metropolitano estava reconhecido e aprovado pelo Governo, no prazo regulamentar.
Agora, era urgente prosseguir no crescimento da escola, encontrar novos espaços, contratar professores, consolidar uma filosofia bem definida, construir um projeto pedagógico consistente. Os três fundadores, Adauto, Alexandre e Vitoldo, foram, aos poucos, consolidando o nome do Colégio que, já em 1940, oito anos depois de fundado, era o mais importante do bairro. Nesse mesmo ano de 1940, o Colégio adquiriu um terreno e um prédio próximos. Mais salas foram construídas, gabinete médico, sala de arquivo, enfim, não se tratava mais de uma modesta instituição de ensino, mas de uma escola de alto padrão para a época.
Em 12 de novembro de 1942, um decreto assinado pelo Presidente da República permitia que o Gymnasio Metropolitano passasse à categoria de Colégio, o que significava, na época, a emancipação, isto é, dependia de suas próprias estruturas para funcionar, sem tanta interferência do poder central. Era a autonomia necessária para investir e criar seu próprio estilo de vida. Dez anos depois, portanto, o Metropolitano ganhava predomínio no bairro, na região e já era bem visto no Rio de Janeiro. Tudo caminhava a contento. Os alu- nos aumentavam em número, a fama se espalhava e o Colégio se tornava referência em todo Estado.
Mas, no dia 17 de outubro de 1952, numa noite silenciosa, morria o professor Adauto. A comunidade do Méier, os alunos, os colegas, os moradores do bairro se uniram para chorar a morte daquele carioca honorário, chefe de família exemplar, intelectual competente, sobretudo, o Professor, Adauto da Câmara. O ano de 1952 mostrava o colégio com 971 alunos. Graças ao talento de um dos mais importantes professores de matemática do Brasil, professor Jairo Bezerra, agora diretor do Colégio, foi possível continuar avançando na direção do sucesso.
Entre 1955 e 1961, o Colégio já se tornara uma legenda e se integrou à paisagem do Méier. Lá se ergueu, imponente, mais vasto, amplíssimo, no terreno em que hoje funciona um Shopping Center. O Metropolitano, porém, ainda ocupa parte do mesmo terreno; ainda habita sua origem. A década de 1960 foi riquíssima para o empreendimento. Consolidou seus métodos e se tornou referência no ensino. Adaptou-se com rapidez às novas leis, como a de Diretrizes e Bases, e jamais se deixou influenciar pelas mudanças políticas dos conturbados anos de 1964-1968.
Em 1968, assumiu a direção o professor Henrique Zaremba da Câmara, filho mais novo do casal. Nas décadas seguintes, sobretudo a partir dos anos 1990, o Colégio conseguiu atravessar a turbulência econômica, conseguiu superar as dezenas de mudanças na legislação, continuou realizando sua missão com o mesmo vigor de sempre. Na década de 1980, entre os anos 1984 e 1986, o Colégio chegou à marca de 3 mil alunos! Durante 1970 e 1980, para melhor atender as famílias, incorporaram-se ao Metropolitano dois novos espaços: os prédios da Lopes da Cruz, 176 e da Rua Jacinto, 81, com a finalidade de abrigar as crianças do Jardim, do antigo primário, e os alunos do chamado Ensino Fundamental. Os do ensino médio continuaram no prédio tradicional.
Em outubro de 2016, o Colégio QI comprou o Metropolitano. A partir de 2017, a escola passou a se chamar Colégio QI Metropolitano.