A história abaixo é revelada pelos meus grandes amigos rubro-negros Gustavo Miranda e Mário Nelson Duarte. Participei de inúmeras coberturas jornalísticas no Brasil e no exterior com essas duas figuras importantes do jornalismo em Brasília:
Gustavo Miranda – Ôh saudade desse tempo! A gente sofria, mas sofrimento era compensado com a sensação do dever cumprido e de um belo jantar no melhor restaurante da cidade! Antigamente era assim: Revelava o filme, fazia as copias no banheiro do quarto do hotel, escrevia na margem uma pequena legenda e o piui piui da UPI 16s, plugada no fio descascado do telefone, cantava solto até tarde da noite. A ligação caia, a telefonista interrompia, o ruído interferia e cerveja do frigobar se abria. Te vira gato mestre que o buraco na primeira pagina já tá desenhado. Era um sofrimento só! Hoje tá fácil.
Mario Nelson Duarte – Confesse: a gente se divertia pra dedéu, principalmente quando tentavam puxar o nosso tapete! Em Lisboa, as telefonistas de Portugal entraram em greve e a gente não teve como ligar a cobrar para o Brasil. Uma maluquete itamarateca não continha o riso, a alegria de ver nosso desespero para passar os boletins – retirou os telefones dos terminais e deu um “te vira!” pra mim. Me virei: esperei todo mundo sair, fui no quarto, peguei o telefone e pluguei nas tomadas da comitiva, até achar uma que deu linha. Aí, foi uma festa!!!
E segue Mário Nelson Duarte: Fechei a cobertura do dia, negociei com a TAP antecipar o vôo de regresso para aquela noite mesmo (me mandaram para Recife). Fechei a conta, voei para o aeroporto e, às seis da manhã, entrei ao vivo no Jornal da Manhã (Jovem Pan), de Pernambuco, falando “de Lisboa.
Outro brilhante repórter das antigas, o Eduardo Mamcasz, ao ler a história acima, comentou: Bonito agora né, veio Gusta. Mas eu precisando ir urgente ao banheiro, no quarto do nosso hotel, e Vossa Senhoria trancado no revelando. Pqp. kkk.
Outra repórter de qualidade, Ruth Simões, entrou na conversa e indagou: Será que a gente romantiza o passado? Também acho que era tudo tão bom. Até o que foi ruim kkkk. Realmente, quem faz o que gosta só tem alegrias. Somos privilegiados.
Mário Nelson Duarte respondeu: Ruth, realmente, é uma situação permanente de estresse e de competição. Mas isso é a parte mais visceral da profissão. Ou está na veia, misturada com o sangue, e no coração, batendo o ritmo dos trinta segundos do boletim, ou nem adianta tentar. Não vai conseguir nunca!