Essa saborosa história é contada pelo meu amigo tricolor das Laranjeiras, advogado, jornalista e presidente da Academia Paranaense de Letras, Ernani Buchmann:
“Em fins de 2022, o Secretário de Esportes do Paraná, Hélio Werbiski, resolveu fazer um evento reunindo seus amigos da bola, ele que foi jogador do AthleticoParanaense. A justificativa era fazer uma tarde de autógrafos do meu livro Copa de 42 – O Simbólico Mundial Nazi-Fascista.
Levei um susto quando cheguei ao local. Lá estavam dezenas de ex-jogadores, treinadores, preparadores físicos, radialistas, todos com muitas histórias a contar.
Nas poltronas colocadas no palco, sentamos Levir Culpi, Carlinhos Neves, Capitão Hidalgo e eu. Cada um falou um pouco até que o mestre de cerimônias, radialista Osmar Antônio, o Salsicha, começou a chamar ex-jogadores para darem seus depoimentos, como Nem e Cocito, campeões brasileiros pelo CAP. Tudo antes dos autógrafos.
A melhor história foi contada pelo ex-craque athleticano Nivaldo Carneiro. No início da noite de um sábado o time concentrou, porque jogaria em Ponta Grossa, contra o Operário, pelo Campeonato paranaense, às 11h do domingo. O ônibus sairia às 7h, em frente ao estádio Joaquim Américo, a atual Arena.
A questão é que o goleiro RC foi dispensado da concentração para assistir ao nascimento de seu filho. No dia seguinte, pouco antes das 7h, os jogadores viram RC chegando bastante trôpego. Ele havia saído da maternidade e foi comemorar com os amigos. Estava vindo direto da bebedeira.
Seus companheiros trataram de escondê-lo na última fila de cadeiras, no fundo do ônibus. Cobriram o goleiro com os sacos de material levado pelos roupeiros e ele viajou dormindo.
Ao chegarem a Ponta Grossa, vestiu uniforme, fez o aquecimento e o time foi para o jogo. Logo nos primeiros minutos, um jogador do Operário chutou de fora da área. RC saltou e fez a defesa parcial. A bola ficou quicando e outro jogador chutou por cima. Enquanto isso, o goleiro permanecia de bruços no chão. Seus colegas foram chegando, querendo saber se estava contundido, se estava bem.
Ele demorou alguns segundos, abriu lentamente os olhos e confessou:
– É que me deu um sono danado.
Depois da explosão de risadas, a plateia voltou-se para Roberto Costa, detentor de duas bolas de ouro, defendendo Athletico e Vasco, único goleiro no futebol brasileiro a conseguir tal façanha.
Roberto não fez comentário algum. Limitou-se a sorrir, como se não fosse com ele”.