O ex-ponta-esquerda do Fluminense, Flamengo, Santa Cruz (Recife) e campeão do Torneio de Cannes com a Seleção Brasileira Sub-20, em 1971, José Roberto Lopes Padilha, mais conhecido como Zé Roberto, hoje com 70 anos, tem uma mágoa profunda (e com toda razão) com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em virtude de nunca ter recebido o troféu Belford Duarte. Zé Roberto atuou muitos anos ao lado de craques como Rivelino, Zico, Gerson, Carlos Alberto Pintinho entre tantos outros, nunca foi expulso de campo mas mesmo assim a CBF esqueceu de entregar o troféu a um legítimo dono.
O prêmio foi criado em 16 de agosto de 1945 pelo extinto Conselho Nacional de Desportos (CND) e instituído em 1 de janeiro de 1946, destinado a jogadores de futebol, amadores ou profissionais, que tivessem em suas respectivas carreiras ao menos duzentos jogos oficiais sem sofrer expulsões ao longo de no mínimo dez anos. Esses jogadores recebiam um diploma, uma medalha e uma carteirinha que concede entrada gratuita em qualquer estádio de futebol no Brasil.
Depois de alguns anos desativado, o prêmio voltou a ser concedido, pela CBF, a partir de 18 de maio de 1995. A entidade, no entanto, fez uma alteração: somente jogadores aposentados poderiam requerer o prêmio, desde que não tivessem sofrido punição. A medida visava a impedir que ocorressem casos como o do lateral Everaldo (campeão do mundo com a Seleção Brasileira em 1970), que, três meses depois de receber o prêmio, deu um soco em um árbitro e acabou suspenso por um ano.
O jogador Zuza, já falecido, foi homenageado com uma medalha que até hoje não foi entregue. Ele morreu ressentido com o mundo do futebol. Sua maior tristeza, além da derrota do Brasil na final da Copa de 1950 (para o Uruguai, no Maracanã), é de ter conquistado o “prêmio Belfort Duarte”, mas não ter recebido o mesmo. Outro que não consta na lista é o de Alcir Portela, ex-jogador e treinador do Vasco da Gama, que ganhou o prêmio em 1974 mas não recebe3u..
O primeiro jogador a receber o prêmio foi Adão Chaves, do Estrela do Rio Grande do Sul em 1966. Os campões do mundo Didi, o Folha Seca, o goleiro Felix, o Papel, Vavá, o craque Evaristo de Macedo, o inesquecível Telê Santana, Carlinhos, o Violino, Alex, o ex-zagueiro alemão do América do Rio de Janeiro, Jaime de Almeida, Dequinha, ambos do Flamengo e Benê, antigo jogador do São Paulo.
João Evangelista Belfort Duarte, mais conhecido por, Belfort Duarte, nasceu em São Luís, no Maranhão, no dia 27 de novembro de 1883, vindo a falecer em Campo Belo, Minas Gerais, em 27 de novembro de 1918 foi um futebolista brasileiro e um dos fundadores da Associação Atlética Mackenzie College, primeiro clube de futebol formado por brasileiros, já que as grandes equipes na época eram de ingleses, como o São Paulo Athletic Club.
Mudou para o Rio de Janeiro em dezembro de 1907 e foi atuar no America Football Club, a convite de Gabriel de Carvalho, depois também presidente do clube, pelo qual acabou se tornando, além de jogador (jogou como médio, depois defensor), capitão (1911), técnico, diretor-geral do futebol e tesoureiro. Disciplinador e exigente, proibia atletas beberrões e fumantes, sendo que em 1908 trocou a camisa, então rubro-negra (de 1906 a 1908), pela atual vermelha. Foi Belfort quem abriu as portas do America aos atleta negros. Tinha tanto amor por seu time que passou a viajar pelo Brasil, a fim de divulgar o clube rubro e fundar novos “Americas”, onde fosse possível.
Belfort Duarte pregava respeito total aos adversários, e até denunciou um pênalti cometido por ele mesmo e que o árbitro não havia visto. Tamanha era a sua lealdade e honradez, que inspirou a criação de um prêmio com o seu nome. Belfort Duarte ajudou o America a ser campeão carioca pela primeira vez, em 1913, sendo o capitão do time até sua última partida, no dia 11 de julho de 1915, contra o Flamengo. Entusiasta do esporte, ainda fez muita coisa pelo futebol, tendo sido ele quem promoveu a primeira visita de um time estrangeiro ao país, e também quem traduziu as regras de futebol do inglês para o português.