Durante toda a segunda viagem do Papa João Paulo II ao Brasil viajei no mesmo avião de Sua Santidade. O ritual era igual em todos os aeroportos onde o Boeing presidencial colocado à sua disposição pousava. O Papa saia pela porta da frente e a comitiva pela porta de trás. Eu, Camarinha (médico e militar), Celso Soares (delegado da Polícia Federal), Meireles ( membro do Gabinete Militar da Presidência da República, Evori Graja (cinegrafista), Sérgio Lima (fotógrafo) saíamos antes do Papa descer as escadas do avião. Em Salvador, na Bahia, o ritual se repetiu. O primeiro a descer foi o Camarinha, que era médico e major da Marinha. Como estava em missão civil, ele viaja de terno e gravata. Ao descer, foi barrado por um soldado da Aeronáutica. Aqui o senhor não pode passar, disse o soldado que cumpria ordens superiores. Eu, que vinha logo atrás, não perdi tempo e comentei em voz alta: Camarinha, tá vendo como é ruim ser civil. Se fosse estivesse de farda , ia passar sem problema nenhum. Jamais imaginei que um dia iria ver, ao vivo e em cores, um soldado barrando o major.
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