Na década de 70 – saudade da minha adolescência – no Rio de Janeiro a juventude escutava a rádio Mundial AM 860. Na praia do Leblon, por exemplo, dava eco. Todo mundo com seu radinho de pinha no ouvindo curtindo a Mundial. Duas figuras – já falecidas- ficaram marcadas: os apresentadores Big Boy e Monsieur Limá ou como se pronunciava Messiê Limá)
Big Boy, pseudônimo de Newton Alvarenga Duarte foi o mais importante disc jockey de sua época, responsável por uma verdadeira revolução no rádio brasileiro. Como locutor, introduziu uma linguagem jovem, mais próxima do público que o ouvia. Nascido no Rio de Janeiro em 1 de junho de 1943, veio a falecer no dia 7 de março de 1977, aos 34 anos, de infarto provocado por um ataque de asma, num hotel em São Paulo. Foi sepultado no Rio de Janeiro, no Cemitério de São João Batista. Big Boy também é considerado o primeiro “profissional multimídia” do show business brasileiro. Programador e radialista eclético, diversificava sua atuação mantendo a ligação da paixão pela música contemporânea nos seus diversos segmentos e movimentos. Além de manter dois programas diários na Rádio Mundial, Big Boy Show e Ritmos de Boite, um na Rádio Excelsior de São Paulo e um semanal especializado em Beatles, o Cavern Club, também na Mundial, atuava como programador, colunista em diversos jornais e revistas, produtor de discos e DJ dos Bailes da Pesada, onde mantinha um contato direto com o público que gostava especialmente de soul e funk, principalmente na Zona Norte do Rio de Janeiro. Em televisão, inovou ao apresentar em sua participação diária no Jornal Hoje da TV Globo, pela primeira vez, film clips com músicas de sucesso do momento.
O maranhense Raimundo de Lima Almeida, mais conhecido como Messiê Lima, com 1m56 cms de altura, foi o primeiro grande DJ, VJ, experimentador da Black e da Disco Music do Brasil. Nos anos 70, o DJ baixinho, com um vasto Black Power ruivo , e roupas extravagantes, apresentava bailes funk e hits com as frases: “Som na caixa!” e “Couro Come e Ninguém Vê”, nesta época as mixagens eram feitas em picapes de vinil e fita de rolo grande. O funk era muito diferente das épocas atuais, já que o mesmo era produto genuinamente americano, aliás, nesta época, o que se tocava nas rádios era só musica “importada”, era raro ouvir música brasileira, 80% da programação era gringa, vivíamos uma época de glamour total a cultura americana, quase não tínhamos identidade. Limá foi o primeiro DJ brasileiro a ir para a televisão e com muita atitude ganhou fama com suas coletâneas de disco music. Ele apareceu em vários programas da extinta TV Tupi até ganhar seu próprio programa. Apesar de não ser um expert em mixagens ou viradas, Limá marcou pela ousadia e pela postura em frente ao público e à câmera de TV. Limá morreu cedo, em 1993, aos 50 anos.