O ministro aposentado do STF, José Paulo Sepúlveda Pertence, nascido em Sabará (MG), teve papel de destaque em diversos momentos sensíveis da história do país. Mas ele não trata esses episódios com a solenidade dos historiadores. Costuma contar, por exemplo, que só chegou ao Supremo Tribunal Federal, em 1989, “porque o Zé Aparecido ( o mineiro José Aparecido de Oliveira, ex-governador do Distrito Federal) era solteiro”.
No fim dos anos 1950, Pertence era estudante de Direito no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). E colega do saudoso Modesto Justino de Oliveira, de quem já era amigo desde os tempos de escola. Modesto é irmão de Zé Aparecido, que na época, além de solteiro, era deputado pela UDN e tinha um apartamento em Copacabana que servia de ponto de encontro para a chamada “bossa nova da UDN”. Entre eles, o deputado recém-eleito José Sarney. Pertence, estudante, sem dinheiro, frequentava o apartamento do irmão do amigo — e lá conheceu o futuro presidente da República.
Vinte e cinco anos depois, Pertence passou a integrar o ministério de Tancredo Neves, eleito indiretamente presidente da República, mas que morreu sem assumir o cargo. Sarney, vice-presidente, assumiu e manteve a equipe de Tancredo por algum tempo, mas logo a demitiu, mantendo Pertence na Procuradoria-Geral da República.
Em 19 de outubro de 2007 morria o mineiro de Conceição de Mato Dentro, José Aparecido de Oliveira. Além de ex-governador do Distrito Federal de 1985 a 1988 foi ministro da cultura do governo do presidente José Sarney. Embaixador do Brasil em Portugal, foi um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, deputado federal dos mais votados em Minas Gerais, secretário particular de Jânio Quadros.