Em fevereiro de 2011 eu e Carmen Tamanini fomos a Belém, no Pará, participar da festa ( um festão) de aniversário de 50 anos do então presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante Junior. No dia anterior ele nos levou para almoçar no tradicional e delicioso restaurante Casa das Onze Janelas (inicialmente chamado Palacete das Onze Janelas), localizado no prédio do Museu de História e Patrimônio Histórico, localizado na Praca Dom Frei Caetano Brandão.
No caminho, dirigindo o seu próprio carro, ao passar por um prédio antigo e desabitado, Ophir fez o seguinte comentário, um bordão que se dizia à época: “Belém foi o único lugar do mundo em que a Coca Cola faliu!”.
Ficamos eu e Carmen se entender nada. Ele explicou:
– Na verdade Belém foi um dos poucos lugares do mundo onde na década de 70 a Coca-Cola não encontrou espaço para ser comercializada, pois os paraenses preferiam os refrigerantes locais, tais como Guarasuco, Larasuco, Guaraná Vigor, Guaraná Soberano, Guaraná Garoto. De fora só a Pepsi e a Grapette, que eram envazadas pelo fabrica de Gaurasuco.
Perplexos seguimos para o restaurante Casa das Onze Janelas. Comida maravilhosa, imperdível para que vai a Belém do Pará.
O Palacete das Onze Janelas foi construído no século XVIII como residência esporádica de Domingos da Costa Bacelar, proprietário de um engenho de açúcar. Em 1768, o palacete foi adquirida pelo governo do Grão-Pará para abrigar o Hospital Real. O projeto de adaptação é do arquiteto italiano Antônio José Landi. O hospital funcionou até 1870, que posteriormente passou a ter várias funções militares.
Em 2001, o governo do Estado do Pará assinou com o Exército brasileiro um convênio, alienando os terrenos da Casa das Onze Janelas e do Forte do Presépio em favor do turismo na cidade, tornando-se um dos cartões postais, é também um dos museus de arte mais importantes da cidade. Desde o ano de 2016, sofre pressão política por parte do governantes para ser extinto e substituído por um “pólo gastronômico”, colocando em risco um acervo de arte moderna e contemporânea, que contém obras de artistas como Tarsila do Amaral, Rubens Gerchman, Ismael Nery, além de obras de grandes fotógrafos contemporâneos da cidade.
O edifício é parte do conjunto arquitetônico e paisagístico denominado Feliz Lusitânia. A área que envolve a Casa das Onze Janelas possui um conjunto de equipamentos culturais, como o Jardim de Esculturas, o Navio Corveta e o palco, que se projeta sobre a baía. Da área da Casa aprecia-se ainda uma bela vista da Baía do Guajará e do Mercado de Ver-o-Peso.
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Recebi a seguinte mensagem da jornalista carioca/brasiliense Martha Correa, tricolor como eu, e que residiu em passado recente na capital paraense:
“E a história da falência da Coca Cola no Pará é verdadeira. Os paraenses são muito fiéis as suas marcas e gosto por certos produtos. Costumes que atravessam gerações. A tia de um amigo, quando fazia temporadas cariocas, levava na bagagem manteiga Real e leite Ninho. O primeiro item era essencial para fazer bolos e quanto ao leite, não gostava do vendido no Rio, fresco e embalado em saco plástico. Pode?
Falando em Belém, estou aqui, mas retornando hoje (26.06.22) a Brasília levando muitos ingredientes da culinária paraense: tucupi, jabú, açaí, caranguejo e, claro, farinha de mandioca.