Há 60 anos o então governador do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda dava início à construção do túnel André Rebouças (nome oficial), com o objetivo de conectar diretamente as zonas norte e sul da cidade evitando assim sobrecarregar a região central. O túnel tem 2800 metros com duas galerias. Foi inaugurado cinco anos depois, no dia 3 de outubro de 1967.
Motivo da homenagem: o negro André Pinto Rebouças, nascido em Cachoeira, na Bahia, em 13 de janeiro de 1838 e falecido em Funchal, na Ilha da Madeira, em Portugal, no dia 9 de maio de 1898 foi um engenheiro e inventor brasileiro. Um dos mais importantes articuladores do movimento abolicionista e monarquista, partiu para o exílio, juntamente com a família imperial, após a proclamação da república, em 15 de novembro de 1889. Passou os seis últimos anos de sua vida trabalhando pelo desenvolvimento de países africanos.
André Rebouças era filho de Antônio Pereira Rebouças (1798-1880) e de Carolina Pinto Rebouças. Seu pai, filho de uma escrava (nascida livre) e de um alfaiate português, era advogado autodidata, deputado e conselheiro de Pedro II. Em 1854, André Rebouças ingressou na Escola Militar do Rio de Janeiro, concluindo o curso preparatório para oficialado em 1857 como 2° tenente. Bacharelou-se em 1859 em Ciências Físicas e Matemáticas pela Escola Militar da Praia Vermelha, obtendo o grau de engenheiro militar em 1860. Dois dos seus seis irmãos, Antônio Pereira Rebouças Filho e José Rebouças, também eram engenheiros. André ganhou fama no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, ao solucionar o problema de abastecimento de água, trazendo-a de mananciais fora da cidade.
Em 1871, André e seu irmão Antônio, também engenheiro, apresentaram ao imperador D. Pedro II o projeto da estrada de ferro ligando a cidade de Curitiba ao litoral do Paraná, na cidade de Antonina. Quando da execução do projeto, o trajeto foi alterado para o porto de Paranaguá. Até hoje, essa obra ferroviária se destaca pela ousadia de sua concepção.
Rebouças permaneceu na Europa até 1883, retornando ao Brasil para dar continuidade à campanha pela abolição da escravatura. Ao participar do último baile do império, na Ilha Fiscal, em 9 de novembro de 1889, quase às vésperas da proclamação da república, viu recusado por uma mulher o seu convite para dançar. Observando o ocorrido, o imperador D. Pedro II imediatamente solicitou à Princesa Isabel para ser seu par. Com a abolição, veio também a queda do império, e, assim, em 1889, André Rebouças embarcou, juntamente com a família imperial, com destino à Europa. Por dois anos, ele permaneceu exilado em Lisboa, como correspondente do The Times de Londres. Posteriormente, transferiu-se para Cannes, onde permaneceu até a morte de D. Pedro II, em 1891. Em 1892, Rebouças aceitou um emprego em Luanda, onde permaneceu por 15 meses. A partir de meados de 1893, residiu em Funchal, na Ilha da Madeira, até sua morte no dia 9 de maio de 1898.
A avenida Rebouças, na cidade de São Paulo (originalmente chamada rua Doutor Rebouças) homenageia André Rebouças, assim como o túnel Rebouças, no Rio de Janeiro. André Rebouças também é homenageado em outras cidades do Brasil, como Porto Alegre (rua Engenheiro Antônio Rebouças) e Curitiba (bairro Rebouças e Rua Engenheiros Rebouças). A nome da cidade de Rebouças (Paraná) também é uma homenagem a ele. O navio-tanque André Rebouças, classe Suezmax, da Transpetro, foi batizado com o seu nome em dezembro de 2014 e a viagem inaugural foi realizada em maio de 2015.