Hoje (28.03.21) tive o prazer de conversar longamente, via whattsapp, com o Paulo Roberto Xavier, irmão de um dos meus ídolos do Fluminense no meu tempo de adolescente: o saudoso Wilton, ponta-direita que infernizava a vida dos laterais-esquerdos dos principais clubes brasileiros na década de 70. A partir dos 12 anos, passei a frequentar o Maracanã – estádio Mário Filho – para ver o Fluminense e, principalmente, dois jogadores : Samarone, o “Diabo Louro”, o nosso eterno camisa 10 e o ponta-direita Wilton, também eterno camisa 7 das Laranjeiras.
Nas “peladas” eu procurava imitar o jeito de jogar do Wilton. Não chegava nem perto mas tentava. Era torcedor “doente”, assim como o meu saudoso e amado pai, Waldemar Henrique Tamanini. Comprava regularmente o Jornal dos Sports (aquele que tinha a capa rosa) e a revista dos Esportes. Sabia de cor o time do Fluminense e, acredite quem quiser, o nome completo dos jogadores. Felix Miele Venerando, João José Galhardo, Francisco de Assis Luz Silva, Marco Antonio Feliciano, Denilson Custódio Machado, Wilson Gomes (Samarone), Luiz Ribeiro Pinto Neto (Lula), Flávio Almeida da Fonseca, Wilton Cesar Xavier etc …
Recortava as fotos publicadas no jornal e na revista, meu time de botão tinha o nome dos jogadores do Fluminense e, não sei o motivo (rsrsrs) meu time não perdia um jogo para Flamengo, Vasco, Botafogo ou América. Era fantástico subir a rampa em frente à estátua do Belini gritando palavras de ordem em direção aos torcedores adversários. Cansei de ir assistir Fla-Flu e nunca, tanto na entrada ou na saída, perdendo ou ganhando, participei ou vi briga dos torcedores dos dois clubes.
Nesta época, meu pai, juntamente com o meu tio Celmo (rubro-negro roxo e ponta-esquerda dos bons), irmão da minha saudosa e queridíssima mãe,Cely Passos Tamanini (torcedora do América), teve um posto de gasolina no km 84 da rodovia Presidente Dutra, pouco depois de Pirai (onde ele e minha mãe nasceram ), chamado Posto Blumenau, no sentido Rio-São Paulo. Decorei o salão de almoço e jantar do posto com fotos dos jogadores do Fluminense e, muito contrariado, dos demais clubes do Rio.
Lembro como fosse hoje o dia 13 de outubro de 1968 – estava com 13 anos – e sentado na arquibancada do lado direito das cabines de rádio – somente nos jogos contra o Flamengo a torcida tricolor não ficava no lado esquerdo – vi o ponta Wilton fazer o histórico gol de mão contra o nosso maior adversário, o rubro-negro da Gávea. O juiz era o famoso Armando Marques mas quem viu de perto a jogada e deu condições de jogo, foi o bandeirinha Antonio Viug. Neste dia do gol de mão o meu ídolo Wilton completava 21 anos. Time do Fluminense: Félix; Nélio, Galhardo, Assis e Altair; Cláudio Garcia e Suingue; Wilton, Aguinaldo (Salvador), Samarone (Lula) e Serginho. Técnico: Evaristo de Macedo.
Nesta época sonhava todos os dias em ganhar uma camisa do Fluminense. O acesso aos jogadores era difícil, exceto na saída do estádio mas eles já estavam vestidos para ir embora. Comprar uma camisa era impossível. Era vendidas apenas na antiga Casa dos Esportes, na rua Marechal Floriano, perto da Candelária, na região central do Rio. O problema é que eram vendidas apenas em jogos de camisa completos e não tinha grana para adquirir. Eu queria apenas uma. Nunca consegui naquela época.
Outro jogo inesquecível que estava no Maracanã ( naquela época era estádio de futebol e não um teatro como é hoje após as modificações feitas para a Copa de 2014) foi no dia 27 de junho de 1971 em partida final do Campeonato Carioca contra o Botafogo. Esta partida memorável levou ao Maracanã mais de 140 mil pessoas dos dois clubes. Eu assisti da arquibancada, desta vez em frente às cabines de rádio, ao lado do meu saudoso pai. Ganhamos de 1×0, gol do ponta-esquerda Lula aos 43 minutos do segundo tempo. Gritamos tanto que eu e meu pai ficamos roucos durante quase uma semana.
Meu ídolo Wilton começou a partida como titular mas o “Diabo Louro” não atuou neste dia. Em seu lugar foi escalado pelo treinador Zagallo outro camisa 10 de muita qualidade: o príncipe Ivair. Para matar a saudade, vejam a escalação tricolor daquele dia: Félix; Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antonio; Silveira e Didi (Flávio); Wilton (Cafuringa), Cláudio Garcia; Ivair e Lula.
Quanta saudade !!!!!!