Parece brincadeira mas já viajei de avião de Brasília a Serra dos Carajás, no Pará, e levei quase 24 horas para chegar. Fui cobrir a visita do presidente da Argentina, Carlos Menen, a Carajás, durante o governo Sarney. A viagem começou por volta das 17 horas na capital da República em um vôo da Vasp. O vôo ia a Belém e depois, no retorno a Brasília, fazia uma escala em Carajás.
O piloto decolou de Belém e todos os passageiros dormiram. Quando eu acordei, olhei pela janela, já estava claro e notei que tinha alguma coisa errada. Chamei a aeromoça e perguntei: dentro de quanto tempo vamos pousar na Serra dos Carajás? Resposta: vamos pousar em instantes mas em Brasília.
Não entendi nada. Ela explicou que no momento que o avião da Vasp sobrevoava a serra o tempo fechou e o piloto não teve outra alternativa e rumou direto para a capital federal.
Eu e os demais passageiros passamos então a manhã no aeroporto de Brasília. Antes do almoço a companhia aérea conseguiu uma solução. Um vôo de Brasília para São Luis, no Maranhão. De São Luis, então, embarcamos novamente com destino a Brasília mas o piloto fez uma escala extra em Imperatriz, também no Maranhão. De lá, um outro vôo de Imperatriz à Serra dos Carajás. Finalmente no final do dia , 24 horas após o primeiro embarqu, chegamos finalmente à Serra dos Carajás. O detalhe é que toda a comida que seria servida às duas comitivas – brasileira e argentina – estava no nosso vôo. Não preciso dizer que estragou tudo.
Após a visita o presidente Sarney convidou o seu colega Menen para ir a Brasília no Boeing presidencial. Menen aceitou e o seu avião particular, o Tango Uno, ficou vazio. Não tive dúvida, pedi uma carona aos “germanos”. O piloto concordou e fiz o vôo Serra dos Carajás-Brasília no Tango Uno. Abusado, sentei na parte de trás do avião justamente na cadeira presidencial. O piloto argentino não reclamou. Um vôo tranquilo, após a odisséia do vôo da ida.
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