Essa história fantástica é contada pelo baiano/carioca/brasiliense Emerson Sousa, o popular Careca ou Cabeleira. Fizemos muitas coberturas juntos no Brasil e no exterior mas, lamentavelmente, não estava nesta viagem. Não tenham dúvidas: eu seria o terceiro envolvido nesta sacanagem. Vamos então aos fatos: Conta logo Careca:
“Governo do presidente Figueiredo. Preparada a visita oficial do presidente ao Piaui, a imprensa de quase todo o Nordeste decidiu mandar repórter e fotógrafo para a cobertura.
Teresina comecou os preparativos uma semana antes. O Cerimonial do governo no palácio de Karnak e a Segurança do governo local estavam em alvoroço para caprichar no receptivo.
Antes do presidente e do governador entrarem no salao proncipal para o encontro e o registro pela imprensa, a Seguranca do governador , truculenta e mal preparada, dava sinais de inquietaçao e açodamento. Eu e o repórter fotográgico, Orlando Brito, no cercado onde ficava a imprensa, resolvemos tirar um sarro com um segurança que estava bem ah nossa frente, lado de fora do cercado. Dava para notar que o brutamontes era mais grosso que papel de enrolar pregos. Vestia um paletó quadriculado que devia ter mais de uma década que nao saía do guarda roupas. Cada quadrado dava tranquilamente para fazer um terno completo, com colete e tudo para mim. Vendo a agitaçao dele eu e Brito começamos um diálogo, de costas para ele, mas de modo que ele ouvisse.
“Pois é, essa agitaçao toda da Segurança vai pro brejo quando aquele fotógrafo grandão chegar. Ele não está nem ai para segurança alguma. Fura bloqueio, pula a corda que separa os jornalistas e ninguem segura o homem. Foi o bastante para esse segurança levar a informação para o chefe. Pouco antes do presidente e governador entrarem no salão o tal fotógrafo veio correndo na frente deles, pulou a corda e entrou na área oficial do evento. Foi o bastante para uns quatro seguranças cairem em cima dele e a porrada, de parte a parte, começar a comer. Quando o.presidente e o governador entraram na sala se depararam com os 5 embolados no chão. A merda já estava feita quando descobriram que o tal fotógrafo era Roberto Stukert, o fotógrafo oficial da Presidencia da República. Foi aí que eu e Brito rapidamente nos deslocamos para junto da comitiva oficial da Presidência assim que vimos tal seguranca que sacaneamos apontar para os colegas de onde tinha vindo a informação de que um fotógrafo de jornal não respeitava regras e furava todo e qualquer bloqueio. Terminado o conflito era paletó rasgado pra todo lado, gravata que tinha ido parar nas costas e uma busca pelos responsáveis por toda aquela balbúrdia. Eu e Brito – já resguardados dentro da comitiva -fazíamos de conta que não era conosco enquanto piscávamos os olhos para o armário de terno quadriculado que espumava de ódio”.