A história abaixo foi contada pelo repórter Lima Rodrigues, que durante anos atuou no jornalismo da Rádio Nacional de Brasília.
“O ano era 1987. O mês e o dia não lembro. Só sei que fui escalado para buscar a cantora Emilinha Borba no Lago Sul, com o motorista Pereira, na casa a onde a grande cantora estava hospedada. Eu e o Pereira trabalhávamos na Rádio Nacional, na antiga e pujante Radiobrás (hoje EBC). Eu, redador-repórter e o Pereira, motorista.
O Pereira era tipo aquele cara que falava demais, gostava de cumprimentar todo mundo, sorridente, amigo de todo mundo. Sempre que ia para a rua com algum repórter, gostava de puxar conversa. Era paraibano arretado.
Saímos, então, juntos para pegar Emilinha Borba e uma secretária dela.
Emilinha Borba daria uma entrevista para a apresentadora Mara Régia, do programa “Viva Maria”, no estúdio da Rádio Nacional, no prédio que ficava de frente para a W3 Sul, na área próxima ao Venâncio 2000, onde hoje funciona a EBC. Mara Régia, àquela época, já debatia assuntos interessantes relativos às mulheres em seu programa. E Emilinha Borba, que faria show em Brasília, era uma ótima pauta.
A cantora carioca, que fora “Rainha do Rádio”, entre as décadas de 1930 e 1950 e gravou mais de 300 discos ao longo de 60 anos de carreira, estava em 1987 com 64 anos de idade.
Pereira ao volante e eu no banco da frente, ao lado dele, na velha Kombi da Rádio Nacional. No banco, lá no fundo, Emilinha Borba e sua secretária. Eu virava a cabeça para trás para conversar com a cantora, mas sem atrapalhar a conversa dela com a assessora. E o Pereira sempre puxando uma conversa.
Já quase chegando no prédio da rádio, o Pereira, que naquele ano (1987) devia ter um 45 anos, virou para a vaidosa cantora e disse, mesmo dirigindo, virando a cabeça rapidamente para trás:
– Dona Emilinha, eu era menino lá na Paraíba e já ouvia a senhora no Rádio…..
– Era mesmo? Indagou a ex-rainha do Rádio, demonstrando que não havia gostado do comentário.
– Era mesmo… repetiu Pereira.
Aí, eu, que estava no banco da frente da Kombi com o Pereira, taquei um chutão nele……e ele lascou:
– Era mesmo. Não estou mentindo, não……
A cantora ficou meio sem graça, mas graças a Deus chegamos logo ao prédio da Rádio Nacional e Emilinha Borba concedeu sua entrevista, sem precisar se lembrar de sua idade e da idade do motorista Pereira.
Curiosidade:
Emília Savana da Silva Borba, conhecida como Emilinha Borba, que morreu no Rio de Janeiro em 3 de outubro de 2005, aos 82 anos de idade, por problemas cardíacos, surgiu para a fama ainda bem jovem, graças à força que recebeu da então estrela musical do Brasil, Carmem Miranda, a nossa “Pequena Notável”, que lotava o Cassino da Urca com seus shows maravilhos.