A história abaixo foi contada pelo meu amigo Zé Roberto, ponta-esquerda ” Máquina” do Fluminense de 1975/1976. Depois do sucesso vestindo a camisa 11 tricolor foi trocado por Doval, do Flamengo, pelo então presidente do clube das Laranjeiras, o juiz aposentado e advogado Francisco Horta:
” Torcedores, jornalistas da época diziam que eu eu corria muito nas partidas em que era escalado. É verdade. Tinha um preparo físico privilegiado. Eu não fazia muitos gols e os jogos eram disputados à tarde no Maracanã e à noite passava o videotape na extinta Tv Tupi, canal 6. Minha irmã Jane assistia e ficava tomando conta, não dos gols que eu fazia mas das bolas que “roubava” dos adversários. O futebol era muito estático e eu corria muito. Às vezes o adversário dominava a bola, vinha por trás e “roubava” a bola. Não tem coisa pior no futebol do que você dominar e o adversário “roubar” a bola . Teve um jogador famoso na época que posso garantir que eu acabei com a carreira profissional dele. É muito duro mas é a verdade. Quando cheguei em casa à noite, a minha irmã disse: “olha, você hoje correu demais”. O Fluminense naquele dia ganhou de 3×1 do Botafogo, um dos gols foi de pé direito do Rivelino, após tabelar com Manfrini. Acredito que foi o único gol de voleio de pé direito do Rivelino em toda a sua carreira. Eu “roubei” cinco bolas do número 5 do Botafogo. Para quem jogou futebol, mesmo “pelada, ver o adversário “roubar”cinco bolas em um clássico em pleno Maracanã lotado, é desmoralizante. É o mesmo que bater a sua carteira de dinheiro. Sabe o que aconteceu: na terça-feira seguinte o Zagallo, treinador do Botafogo, barrou o jogador e ele nunca mais atuou. O nome dele? Carbone. É triste mas eu encerrei a carreira do Carbone após tanta bola que “roubei” na partida entre Botafogo e Fluminense. Carbone resolveu “pendurar” as chuteiras e virou treinador. Essa é uma das muitas história ocorridas na minha carreira de futebol profissional.”