O então presidente Fernando Collor visitou no dia 3 de abril de 1991 a cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará. Valter Lima, da Rádio Nacional viajou dois dias antes no escalão precursor da Presidência da República para transmitir, direto da terra de Padre Cícero, o programa “Revista Nacional”.
Ao chegar naquela histórica cidade cearense, Valter Lima encontrou com o cantor e compositor Gonzaguinha. O filho de Luiz Gonzaga, o Reio da Baião, estava em Juazeiro com a intenção de viabilizar a construção do Museu do Gonzagão. Na conversa, Valter disse a ele que tinha um amigo em Brasília que poderia ajudá-lo a conseguir recursos para a construção do Museu. Valter ligou para a minha sala no Palácio do Planalto e colocou Gonzaguinha na linha. No dia seguinte, voltei a falar por telefone com Gonzaguinha, trocamos telefones e ficamos de marcar uma visita dele a Brasília.
Integrei a comitiva do Presidente da República a Juazeiro. A visita foi tensa. Muita briga e Collor disse em seu discurso de improviso que “tinha nascido com aquilo roxo” e por isso não tinha medo de nada. Terminado o discurso, a comitiva voltou imediatamente para Brasília. Gonzaguinha não estava mais na cidade.
No dia 29 de abril, para a minha tristeza – e de todo o país – Gonzaguinha morreu em um acidente de carro no Paraná. Dias depois de sua morte, a assessora Albaniza Cristaldo entra na minha sala e diz que havia uma mulher aos prantos querendo falar comigo no telefone. Pedi que passasse a ligação. Olhei o identificador de chamadas e vi que a ligação era de Belo Horizonte. Atendi o telefone, mas a mulher do outro lado da linha continuava a chorar copiosamente. Quando ela conseguiu finalmente parar de chorar, veio o motivo da ligação: estou ligando – disse – porque o Gonzaguinha, meu marido, falava muito no senhor e vi agora a pouco que ele, ao viajar para o Paraná, deixou a caderneta de endereços ao lado do telefone no nosso quarto aberta onde está o seu nome e seu número de telefone. Foi duro aguentar a emoção.
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