Na primeira viagem do Papa João Paulo II ao Brasil, em 1980, era repórter da EBN (Empresa Brasileira de Notícias). Fui escalado pelo saudoso tricolor, José Escarlate, chefe de jornalismo da empresa, para cobrir a visita papal em Aparecida (SP) e Fortaleza.
Em Aparecida foi tudo tranquilo, exceto um pequeno incidente com o famoso na época, o Beijoqueiro. Ele queria beijar o Papa de qualquer maneira e acabou sendo preso próximo onde estava pelos policiais. Terminada a visita, fui para a capital paulista onde pernoitei. Fazia muito frio. Era uma tarde de sábado. No dia seguinte, juntamente com o restante da equipe, embarque para Fortaleza. (depois eu conto em outro post a nossa chegada no apartamento alugado pela empresa).
Na capital cearense houve um acidente com vítima fatal durante a visita do Papa. Lembro que era muito cedo. Os organizadores demoraram a abrir o portão do estádio Castelão e a massa começou a empurrar os fiéis que estavam próximos à entrada. O portão não suportou e caiu em cima de várias pessoas. A notícia correu rápido. As primeiras informações davam conta que tinham vítimas fatais. Corri para uma delegacia no centro de Fortaleza.
Recebi a informação do delegado de plantão que o então secretário de Segurança – um general que não me lembro o nome – tinha ordenado que qualquer vítima fatal durante a permanência do Papa na cidade teria que ser registrada naquela delegacia. Fiquei à espera. Pouco tempo depois, surge o camburão com os corpos das vítimas. Pedi para abrir as gavetas e vi que eram duas mulheres. Estavam bastante machucadas. Fui, então, para o centro de imprensa para escrever a minha matéria. Por incrível que pareça, eu era o único que sabia com detalhes os nomes, idade, sexo etc… das vítimas. Após enviar a minha matéria, repassei a informação para dezenas de jornalistas, principalmente correspondentes estrangeiros. Dei até entrevista.
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