Vocês não imaginam como tenho saudade do velho estádio Mário Filho. O Maracanã era um verdadeiro estádio de futebol. Frequentei demais na minha adolescência. Ia assistir aos jogos do meu Fluminense – naquela época tinha craques de bola – aos domingos na arquibancada e às quartas-feiras na geral. A grana era curta e o preço da geral era baratinho e nesses dias havia poucos torcedores porque o meu time jogava contra times pequenos do Rio, como Olaria, Campo Grande, Bonsucesso. Além disso, adorava ver meus ídolos bem de pertinho, como Samarone meu maior ídolo até hoje.
Aos domingos, estádio cheio – geral apinhada de torcedores – eu me divertia com os demais torcedores jogando saco de mijo nos pobres “geraldinos”. Admito que não agia corretamente mas que era divertido, era. Quando o saco estava “voando” lá de cima da arquibancada alguém gritava “olha o mijo” e havia um corrida desenfreada dos torcedores da geral. Imediatamente, os “geraldinos” retribuíam com palavrões impublicáveis. A mãe de todos nós na arquibancada era a mais homenageada.
Tenho um grande amigo – o Antonio Carlos Dantas Ribeiro, brilhante advogado em Brasilia e torcedor apaixonado pelo Vasco da Gama (seu único defeito). Carioca, nascido na Casa de Saúde São José, no Humaitá, ele foi muito cedo residir com os pais na capital da República e não teve o prazer de assistir a um jogo do seu clube na geral. Pelo whattsapp ele fez um desabafo:
– Nunca consegui ir à geral. Pena. Mijo e cusprada das arquibancadas de cimento era sempre. As cadeiras azuis não tinham graça e as especiais eram charme puro. Fui em dezembro de 2019 pra ver Vasco x Chapecoense (jogo horrível) e achei a festa da torcida bonita, mas sem a energia de outrora. Parecia jogando videogame.
Respondi, às gargalhadas, ao meu amigo Dantas: “você não sabe como era bom jogar saco de mijo na geral”.
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