Meu queridíssimo amigo Danilo Gomes, jornalista da velha guarda e dos mais brilhantes, cadeira número 1 da Academia Mineira de Letras, tem um livro que merece leitura obrigatória: ” Os antigos cafés do Rio de Janeiro”. Diz o velho Danilo, uma figura sempre de bom humor e disposta a ajudar o semelhante:
“O gosto pelo estudo da História da Cidade do Rio de Janeiro transformou-se, para mim, em verdadeira paixão. E dando vazão a esse sentimento, através de leituras, verifiquei a falta de um livro que contivesse, mesmo sucintamente, a crônica dos cafés da cidade que foi, de 1763 a 1960, a Capital do Brasil.
O que havia eram referências esparsas, algumas curtas, outras mais longas, especialmente em volumes de memórias. Luiz Edmundo evocou alguns dos velhos cafés da sua terra natal. Diversos outros autores referenciaram cafés que conheceram no Rio de sua juventude e cuja lembrança se tornara saudade.
Foi tão que, no primeiro dia do ano de 1983, comecei a reunir dados para compor um livro destinado, mesmo de forma incompleta, mesmo com lacunas, a contar um pouco da história dos velhos cafés cariocas (ou fluminenses, como outrora se dizia). A pesquisa tomou-me três anos: trabalho feito, entretanto, com prazer.
Na crônica que publicou em 3 de março de 1886, na “Gazeta de Notícias”, do Rio, sob o pseudônimo de Lélio, Machado de Assis indagava:
“(. ..) … mas o que é que dura neste mundo, a não serem as pirâmides do Egito e a boa fé da minha comadre?”
Pois é, também os velhos cafés não durariam.
Na linha do melancólico pensamento do Bruxo do Cosme Velho, é este trecho do poeta Augusto Frederico Schmidt, em seu livro de memórias “As Florestas”:
“Estranha coisa é o mundo. Dentro de alguns anos, tudo estará esquecido e perdido.”
Uma frase taciturna, em que a tristeza não cede espaço ao gracejo machadiano.
Antes que a memória dos velhos cafés cariocas, já dispersa e diluída em tantos trechos de diferentes obras, vá ficando cada vez mais esquecida e perdida; antes que cada vez mais se esvaneça como nuvens esgarçadas, tentei recompô-la neste volume. Um volume contra o esquecimento”.
Danilo Gomes completa 80 anos em 30 de dezembro deste ano de 2022. Nasceu em Mariana, em Minas Gerais, mas reside em Brasília desde 1975. Formado em Direito (UFMG, Belo Horizonte, 1974) e Jornalismo (CEUB, Brasília, 1985). Escreve em jornais e revistas desde 1961. Tem crônicas, contos e poemas publicados em antologias. Casado, dois filhos. Publicou os seguintes livros: Escritores Brasileiros ao Vivo (entrevistas, dois volumes), Uma Rua Chamada Ouvidor, Água do Catete, Antigos Cafés do Rio de Janeiro e Em Torno de Rubem Braga.
Pertence à Academia Mineira de Letras, Academia de Letras do Brasil, Academia Marianense de Letras, Academia de Letras de Viçosa, Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais e Associação Nacional de Escritores – ANE, sediada em Brasília. De 1985 a 2005, trabalhou na Secretaria da Imprensa e Divulgação da Presidência da República, como redator e revisor. Em 1997, recebeu da Prefeitura de Belo Horizonte, com outras pessoas, o título de Embaixador do Centenário de Belo Horizonte, cidade de que é Cidadão Honorário.
Recebeu a Medalha Santos Dumont (Governo de Minas), Medalha da Inconfidência (Governo de Minas) e a Medalha Plínio Doyle (Pen Clube do Brasil, Rio de Janeiro). É um antigo admirador e divulgador da vida e da obra do poeta e memorialista Augusto Frederico Schmidt (1906-1965).
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Mensagem que recebi do meu amigo Danilo Gomes. Ele não usa Whattsapp. Somente e-mail:
“Grande Irineu Tamanini, querido amigo, com atraso,porque só agora consegui da nossa Cleo seu e-mail, venho AGRADECER-LHE, de coração, seu maravilhoso artigo sobre meu livro “Antigos cafés do Rio de Janeiro”. Muita bondade e generosidade suas. Um presentão pelos meus próximos 80 anos. Cleo e meu filho Rodrigo CARNEIRO Gomes ( colega de seu genro ) me mandaram seu blog. Tamanini,muito grato, para sempre. Aproveite o Rio, a praia,o boteco,a livraria!!! Aqui, às ordens, o velho amigo e admirador Danilo Gomes. Por favor,mande-me seu endereço postal. Quero enviar-lhe um livrinho”.