Eu e Emerson Sousa chegamos a Moscou para a cobertura jornalística da viagem presidencial. A cotação do dólar era um por um com a moeda russa, o rublos. Estava tudo muito caro. A solução era trocar os nossos dólares no câmbio negro. Mas, trocar dólar no câmbio negro em plena União Soviética. Não tinha solução. A sorte é que conhecemos uns brasileiros que residiam na cidade e eles conseguiram fazer um câmbio altíssimo. Formos dormir contentes porque estávamos com o bolso repleto de moeda local.
No dia seguinte de manhã, saímos para a cobertura do primeiro evento. Era em uma praça. Estávamos vestidos apenas com o terno e a gravata de sempre. No meio da manhã o frio começou a ficar intenso e eu e o Careca, um carioca e outro baiano, no meio da praça em Moscou como se estivéssemos no centro da cidade do Rio ou em Salvador. Terminada a cerimônia – durou uma eternidade – decidimos comprar um casaco porque não daria para enfrentar o frio.
Entramos um uma loja e pedimos um que pudéssemos suportar o frio. Era verde e pesava umas cem toneladas. Como tínhamos trocado o dólar no câmbio negro o preço ficou bem baratinho.
Retornamos então ao hotel caminhando pelas ruas de Moscou e, apesar do frio intenso, sentíamos até calor com aquele casacão. Ao chegar, ainda fomos cobrados pelo Antonio Martins, então presidente da Radiobras, pela demora. Onde vocês estavam? Já sei, foram conhecer Moscou exclamou Martã, como era chamado carinhosamente pelos repórteres.
Depois que retornamos ao Brasil usei apenas uma vez o tal casacão. Foi em Tóquio na cobertura do enterro do Imperador Hiroíto.
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