O falecido senador Roberto Campos nutria verdadeiro ódio do então advogado José Paulo Sepulveda Pertence. Quando o presidente José Sarney decidiu indicá-lo para o Supremo, o parlamentar quase enlouqueceu de raiva. Na sabatina no Senado, Roberto Campos fez as perguntas mais estapafúrdias, apesar de ser um homem letrado. A pressão foi tão grande que Pertence quase foi à lona. Resistiu e acabou sendo aprovado , mesmo sem o voto do senador.
Anos depois, já presidente do Supremo, Pertence estava no antigo aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro aguardando um vôo para Brasília. Como estava demorando a chamar para o embarque ele resolveu engraxar o sapato. Como sempre distraído, acabou sentando em uma cadeira ao lado onde estava Roberto Campos. Praticamente, batiam cotovelo com cotovelo. Eu estava presente. Quando vi a cena dos dois inimigos sentados lado a lado imaginei: isso não vai dar certo. Tudo correu bem. Não tive que chamar nenhuma força policial. Mas, admito, fiquei frustrado: não tinha nenhuma máquina fotográfica. A foto seria espetacular. Hoje, seria moleza com a tecnologia dos aparelhos de celular.
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