Desde criança, Sepúlveda Pertence, ex-presidente do STF, do TSE e ex-procurador-geral da República, nunca apreciou levantar cedo. Sempre gostou de trabalhar até tarde da noite e levantar um pouco mais tarde. O problema é que ao ocupar os dois cargos de relevância no dois tribunais ele tinha que atender aos pedidos da produção da Rede Globo e comparecer ao programa de entrevistas Bom Dia Brasil.
No dia anterior eu ia até o gabinete e informava o pedido. Ministro, amanhã de manhã precisamos ir ao Bom Dia Brasil. Ele me olhava, pensava, mas aceitava. O programa começava às 7 da manhã mas ele teria que estar no estúdio, pelos menos, meia hora antes. Como morava na 313 Sul, em Brasília, e o prédio da Tv Globo era no início da W3 Norte saímos juntos, no máximo, às 6h10 min. Imagine a hora que o ministro Pertence acordava. Eu nem perguntava.
Na segunda vez que o Bom Dia Brasil pediu que levasse o ministro ao estúdio, no carro, já saindo de casa, ele me olhou, com uma cara de sono, e disparou:
Tamanini, quem tem que ser inteligente a esta hora da manhã é o leiteiro e não eu.