Em março de 1988, o então presidente da República José Sarney (PMDB-AP) visitou a cidade de Janaúba, localizada na região norte de Minas Gerais. Ao final da visita, antes de embarcar no helicóptero da Presidência da República que o levou de volta a Brasília, Sarney recebeu um pe dido inusitado de Edilson Brandão, então advogado e dirigente de uma cooperativa de irrigação do Vale do Gorutuba: Presidente, gostaríamos que o senhor doasse os seus sapatos para o Museu de Janaúba”.
Sorrindo, Sarney entregou o par de sapatos preto que usara durante a visita e entregou ao dirigente. “É a primeira vez que recebo esse tipo de pedido”, declarou Sarney que fez todo o percurso aéreo de Janaúba a Brasília apenas de meia. Quando desembarcou na Base Aérea de Brasília os assessores palacianos já haviam providenciado um novo par de sapatos.
Os pedidos de moradores de Janaúba não pararam por aí. Anos depois, um ciclista da cidade, José Carlos Pereira Braga, viajou com a sua “bike” até Brasília. Ao encontrar o ex-presidente Fernando Collor no seu cooper de final de semana nas imediações da Casa da Dinda, o ciclista pediu o par de tênis que ele usava para o Museu de Janaúba. Em outra visita a Brasília, o mesmo ciclista encontrou o falecido presidente Itamar Franco em uma cerimônia pública e também fez o mesmo pedido, desta vez pediu a gravata que ele usava na ocasião.
O tempo passou. Brandão foi eleito prefeito da cidade quatro anos depois, morreu no exercício do cargo e o Museu de Janaúba nunca foi construído. Os souvenires presidenciais caíram no esquecimento e até hoje os moradores querem saber onde foram parar o par de sapatos de Sarney, o par de tênis de Collor e a gravata de Itamar Franco.